NOTA DE REPÚDIO - à presença anunciada do pastor americano Douglas Wilson durante o próximo evento na cidade de Campina Grande/PB denominado Consciência Cristã.
Deuteronômio 10: 17b -19 “...Ele trata a todos igualmente e não aceita presentes para torcer a justiça. Ele defende os direitos dos órfãos e das viúvas; ele ama os estrangeiros que vivem entre nós e lhes dá comida e roupa. Amem esses estrangeiros, pois vocês foram estrangeiros no Egito”.
O Fórum de Negritude da Aliança de Batistas do Brasil vem a público expressar veementemente seu repúdio à presença anunciada do pastor americano Douglas Wilson, o qual é defensor da escravidão como um tema legitimado pela Bíblia, durante o próximo evento na cidade de Campina Grande/PB denominado Consciência Cristã. Nós do Fórum de Negritude da Aliança de Batistas do Brasil, entendemos que tal posicionamento não é apenas antagônico ao ensino das Escrituras, mas também profundamente prejudicial aos princípios de igualdade, liberdade e dignidade humana que devem orientar as reflexões e práticas religiosas.
A escravidão é uma página trágica na história da humanidade, marcada por inúmeros horrores e sofrimentos infligidos a milhões de pessoas ao longo dos séculos. No contexto histórico, tanto nos Estados Unidos quanto no Brasil, a escravidão representou um dos capítulos mais sombrios, deixando cicatrizes profundas que ainda reverberam na sociedade contemporânea.
Nos Estados Unidos, a escravidão foi uma instituição que perpetuou a opressão racial, segregação e discriminação por séculos. Mesmo após a abolição formal, as consequências da escravidão persistem sob a forma de desigualdades estruturais, racismo institucionalizado e uma luta contínua por justiça e igualdade.
No Brasil, a escravidão deixou uma herança de desigualdades sociais, econômicas e educacionais, com impactos duradouros na vida das comunidades negras. A luta contra o racismo estrutural é um compromisso urgente, e promover ideias que justifiquem ou minimizem os males da escravidão é inaceitável.
Ao defender a escravidão como algo bíblico, o pastor em questão contribui para perpetuar visões distorcidas e nocivas, contrárias aos princípios de amor, justiça e igualdade preconizados pelo Evangelho. É dever de todos os cristãos e líderes religiosos promoverem uma mensagem de inclusão, respeito e luta contra esse mal que insiste em permanecer vivo no meio evangélico no Brasil.
É de extrema importância, especialmente na semana de aniversário do pastor Batista Martin Luther King Jr., relembrar seus princípios e sua luta incansável pelos direitos civis nos Estados Unidos. Dr. King foi uma figura inspiradora que dedicou sua vida à busca da justiça, igualdade e fraternidade, deixando um legado que transcende fronteiras e continua a inspirar gerações.
Ao citar as palavras icônicas de Martin Luther King Jr., reafirmamos o compromisso com o sonho de uma nação onde as pessoas não sejam julgadas pela cor da pele, mas pelo conteúdo de seu caráter. Este é um chamado à reflexão e ação, um lembrete de que o caminho para a verdadeira harmonia e justiça social é pavimentado pelo respeito mútuo, pela compreensão e pela promoção de valores que transcendam as diferenças.
Neste contexto, repudiamos veementemente qualquer abordagem que defenda a escravidão como algo bíblico, pois vai de encontro aos princípios fundamentais pelos quais líderes como Martin Luther King Jr. dedicaram suas vidas a lutar. Acreditamos que é nossa responsabilidade, como Batistas, contribuir para a construção de uma sociedade mais justa, inclusiva e respeitosa.
Ao celebrar o legado de Martin Luther King Jr., renovamos nosso compromisso em trabalhar para a concretização do seu sonho e para o avanço de uma sociedade onde a igualdade e a justiça prevaleçam. Que possamos todos, como seguidores do Evangelho, continuar a sonhar e agir para a realização de um mundo onde cada indivíduo seja valorizado pelo seu caráter e não discriminado pela cor da sua pele.
Portanto, reiteramos nosso repúdio à presença do citado pastor no evento em Campina Grande/PB e instamos a organização a reconsiderar a participação de indivíduos que propagam ideias que contrariam os valores fundamentais da dignidade humana e da igualdade. Nossa missão é construir pontes, não fortalecer concepções que perpetuam o sofrimento de tantas e tantos que sofrem nos seus corpos os efeitos históricos do racismo.
Que possamos, como parte da Igreja de Cristo, ser agentes de transformação, promovendo um ambiente de respeito, compreensão e solidariedade.
Janeiro de 2024
Fórum de Negritude da Aliança de Batistas do Brasil